24.4.07

Sarau musical no Coliseu Micaelense

foto: www.coliseumicaelense.pt

Rui Veloso e Kátia Guerreiro nos 95 anos do BCA


Acompanhados pela Orquestra Clássica da Madeira, Rui Veloso e Kátia Guerreiro encheram de música o Coliseu Micaelense, no passado domingo. Na comemoração do seu 95º aniversário, o Banco Comercial dos Açores (BCA) ofereceu a um vasto leque de convidados um serão musical.

“O nosso banco”, lema pelo qual se fez notar entre os açorianos, convidou dois dos grandes nomes da música portuguesa contemporânea. Por volta das 20h30 a plateia do grande anfiteatro de Ponta Delgada começou a encher. Vestidos a rigor para a celebração, os convidados foram procurando os lugares que lhes eram destinados.

O pano estava subido e aproximava-se o início de um serão comemorativo, que se prolongou até cerca das 11 horas da noite. Já em palco, a apresentadora fez as honras da casa, dando os parabéns à instituição e apresentando oradores e convidados musicais.

O comendador (nome) subiu ao palco em primeiro lugar e proferiu um discurso onde relembrava ao público o começo daquele que seria o Banco dos Açores. Das ideias aos actos, dos primeiros depósitos à mudança de nome, (nome), por entre golos de água e alguns engasgos saudáveis de nervosismo, embalou os convidados numa breve história, bastante aplaudida no final.

Finalizada a palestra, começaram a entrar os músicos da Orquestra Clássica da Madeira, que ordenadamente ocuparam os lugares nas cadeiras já dispostas antes de começar o espectáculo. Pouco depois, sobe ao palanque Rui Massena, o Maestro. Um jovem alto, com ar bem descontraído e cuja aparência não fugiu à regra: fraque, cabelo um tanto ou quanto despenteado e de batuta em punho.

Durante alguns segundos, e de forma ordenada, os naipes de músicos foram afinando os seus instrumentos, porque o calor e a humidade assim o obrigam. O maestro ergueu a batuta e a orquestra começou. Um meddley com sons e ritmos fortes ecoou na sala um misto de Chicago e cabaré que encheu de risos, espantos e aplausos a plateia e as bancadas do Coliseu Micaelense.

Kátia Guerreiro, um dos grandes e recentes nomes do fado em Portugal e no estrangeiro, foi chamada ao palco. Vinha de vestido comprido, negro e vermelho, de saia rodada bordada com lantejoulas pretas que brilhavam com a luz que dançava sobre ela. Uma voz límpida e estridente deambulou por entre os convidados, recebendo “bravos” e “ah fadistas”. Numa meia hora, a fadista e os tocadores que a acompanharam sentados ao seu lado esquerdo, ofereceram ao público boa música em oito faixas escolhidas a rigor.

Por entre os trilhados da guitarra portuguesa e o compasse dos violões, ouviam-se violinos e flautas, trompetes e clarinetes; uma completa harmonia musical entre fado e orquestra que se percebia pelos sorrisos de cumplicidade entre Kátia e Rui Massena.

Aplausos finais e um curto intervalo, durante o qual os convidados passearam pelas salas de entrada e pelos corredores, mimados com champanhe e chocolates que lhes serviram as hospedeiras. Por entre o burburinho trocavam-se impressões, ora acerca da organização do evento, ora sobre espectáculo ao qual acabavam de assistir ora sobre o BCA e a sua história. Os assuntos eram diversos.

As luzes baixaram de intensidade. Aproximava-se o início da segunda parte do espectáculo. Os convidados reentraram na sala para ouvir Rui Veloso, acompanhado pela sua banda e pela orquestra, que, por sua vez, animou todo o espectáculo.

Com uma aparência um pouco mais formal que o habitual, Rui Veloso entrou em palco, não com muitos sorrisos, como de resto lhe é característico, de fato cinzento-escuro e com um andar ritmado e sereno. Em cena estavam a orquestra e o seu grupo de três vozes, um baixo, uma guitarra, bateria, percussão e o tão característico piano.

“A gente não lê”, faixa que ficou conhecida do grande público depois do lançamento do CD acústico, foi a primeira música e que quase aqueceu o público. Seguiram-se outras oito (nove músicas no total), umas mais conhecidas, como “Porto Covo” ou “Não há estrelas no céu”; outras do seu recente trabalho editado, “Espuma das Canções”, como por exemplo “Canção de Alterne”. Durante todas elas se conseguia ouvir o burburinho de algumas vozes da plateia que cantavam quase em silêncio.

Os arranjos musicais da orquestra foram da responsabilidade do maestro; os mesmos foram aplaudidos pelo artista, e valeram um aperto de mão visivelmente sincero. Duas das músicas demarcaram-se pelas entradas dadas pelos solos da flauta transversal, no “Bairro do Oriente”, e do clarinete na música “Não há estrelas no céu”.

No final, Rui Veloso chamou Kátia Guerreiro para consigo cantar uma música escrita e composta por ele, que falava sobre a ilha de São Miguel. Depois, continuaram com um sorridente e divertido “Chico Fininho” e uma intensa “Veia do Poeta”.

Vieram as flores, os aplausos e o final do espectáculo. Seguiram-se os agradecimentos e uma pequena homenagem da fadista ao público: sem acompanhamento musical, Kátia Guerreiro cantou e encantou a todos com uma “Chamateia” bem à moda açoriana, quando já alguns convidados se dirigiam para a saída (e ficaram mesmo no corredor para ouvir o momento).

Já passava das onze quando todos saíram ordenadamente, uns mais apressados que outros. À saída foram presenteados com uma capa, oferecida pelo Banco Comercial dos Açores, que no interior continha uma cópia do primeiro contrato feito pelos accionistas fundadores, bem como uma cópia de um recorte do jornal que noticiava, em 1912, a abertura da instituição.

Berta Cabral, a presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, acompanhada pelo seu marido, foi a última a deixar a sala, cumprimentando os convidados e dando os parabéns a organização.
As portas do Coliseu Micaelense fecharam. Lá dentro permaneceram alguns, encarregues de desmontar o material. Cá fora, os músicos da Orquestra Clássica da Madeira recebiam alguns “parabéns” e apertos de mão.

TUNAS - A arte de cantar a Universidade


Da Tunísia chegaram as serenatas, o trinado do alaúde e o som estridente das pandeiretas. Em Espanha nascem os “Sopistas”. No século XIX Coimbra traz a tradição tunante para Portugal.
Em 1991 nasce a primeira Tuna na Universidade dos Açores. Dezasseis anos passados, ainda se questiona acerca do papel das tunas na comunidade académica e na sociedade em geral.

Para o convívio ou para o divertimento, para a integração ou para a música, o que é certo é que as Tunas envergam as cores da Universidade que representam e assumem, actualmente, um papel dinamizador a nível social e cultural. Elas dão voz ao espírito académico e levam longe a tradição, a música e o nome dos Açores e da sua Universidade.


Reza a história que algures em Tunes, na Tunísia, um califa passava os dias a cantar pelas ruas e as noites a encantar donzelas, com serenatas ao som do seu alaúde. Mais tarde, em Espanha, ainda durante a Idade Média, grupos de estudantes universitários pobres animavam as ruas e as praças, conventos e casas de nobres, com as suas músicas e simpatia, em troca de um prato de sopa. À noite os “Sopistas”, como ficaram conhecidos, fugiam das residências universitárias para cantar e encantar as donzelas e, para escapar à polícia, cobriam-se com as suas capas negras e longas, escondendo, assim, os seus rostos. Com o passar dos anos, os “Sopistas” transformam-se em grupos de estudantes que tocam por prazer e não por sobrevivência. Estamos no século XVI e surgem, assim, as Tunas.
Em Portugal, a tradição surge apenas em meados do século XIX quando um grupo de estudantes de Coimbra, numa visita a Espanha, decide trazer a tradição para o país. Assiste-se, então, a um enorme movimento de fundação de Tunas académicas.
Estávamos no ano de 1991 quando é fundada a primeira tuna da Universidade dos Açores, no pólo de Angra do Heroísmo. A “Tuna Académica Sons do Mar” abriu o caminho para a implementação da tradição tunante nos Açores. Em 1993 é fundada a “Tuna Académica da Universidade dos Açores” (TAUA), a primeira do pólo de Ponta Delgada. Seguiram-se os “Tunídeos”, a “Tuna Com Elas”, a “Enf’in Tuna” e a “T.U.S.A.”.


Tuna: representar uma universidade e uma cultura


Relativamente ao papel que as tunas desempenham na vida universitária, as respostas pouco diferem: ajudam e tornam divertida a inserção dos novos alunos na universidade. De facto, fazer parte de uma tuna não é a única forma de se “vestir” o espírito académico mas, para os elementos das tunas da Universidade dos Açores, é uma mais valia porque, para além do contacto que se estabelece com alunos da própria universidade e com a comunidade em geral, permite o contacto com outras realidades, com outras culturas e com outras tunas, quer a nível nacional quer internacional.
Para Darci Santa Rosa, estudante do curso de Pós – Graduação em Bioética, uma tuna desempenha, para além de um papel integrador, um papel de “difusão cultural e de motivação” e permitem um maior crescimento a nível “nível pessoal, porque exige mais delas [pessoas], e a nível cultural também.”
E, serão as tunas meras representantes da sua comunidade académica ou terão uma importância cultural e social fora da sua universidade? Embora não sejam muitas vezes compreendidas como tal, as tunas são, de facto, um pólo dinamizador entre estudantes e sociedade civil, e um fenómeno cultural e social, com uma história secular. Actualmente são mais de cem as tunas portuguesas que representam através da música as suas universidades, as suas cidades e a história do país.
As tunas são um emblema da sua universidade, “motivam a presença de outras pessoas” e “chamam a atenção para a realidade da comunidade académica”. Quando uma tuna “se apresenta, apresenta o nome da sua Universidade”. O estandarte, por exemplo, deverá ter “para além do símbolo da tuna, o símbolo da sua Universidade”, realça Helena Aguiar, Presidente da “Tuna Académica Sons do Mar”. Além disso, é também um símbolo dos estudantes porque “são formadas pelos elementos da própria comunidade académica em que estão inseridas, logo são o reflexo desta”, acrescenta.
Alexandre Gaudêncio, estudante do curso de Mestrado em Ciências Empresariais e maestro da TAUA, refere que quando “uma tuna está a tocar fora do seu ambiente universitário é automaticamente conotada com a Universidade a que pertence”. Associando a representação à tradição do traje, o maestro acrescenta que “nós, na TAUA, temos como regra respeitar o traje, porque temos a noção que, em ambiente de tuna, não estamos só a representar aquele grupo de pessoas, mas sim a instituição e todo o conjunto de pessoas que a compõem”, e daí que “a responsabilidade é muito maior quando temos actuações fora do campus”.


Gerir o tempo, gerar costumes


Para uns mais difícil, para outros nem tanto. Conciliar estudos e tuna não parece ser tarefa fácil de todo. Há que saber gerir o tempo para que se obtenham resultados bons e equilibrados.
Ser membro de uma tuna requer um espírito académico e de convívio um pouco mais arrojado que o habitual. A predisposição caracterizadora dos elementos reflecte-se numa certa disponibilidade horária para os ensaios, actuações e deslocações.
Os ensaios dão-se uma vez por semana, excepto quando se aproxima uma ida a um festival, que implica um maior esforço e preparação da parte do grupo. Há que saber, portanto, gerir o tempo para que os cursos não se prolonguem para além do necessário.
Para Alexandre Gaudêncio é, de facto, “necessário dispensar[mos] algum tempo da semana para praticar em casa as músicas, ir aos ensaios e actuações”, contudo é possível conciliar as duas coisas. A filosofia da TAUA é, actualmente, “colocar o estudo em primeiro lugar”. Prova disso é o facto de poder dizer que “vários dos [nossos] elementos nunca perderam um ano do curso” e há, inclusive, vários finalistas, licenciados e até alunos de mestrados, acrescenta.
Também para Mónica Vieira, Magister da “Tuna Com Elas”, é possível conciliar as duas coisas, “fazer parte de uma tuna não é abdicar do tempo de dedicação ao curso nem é justificação para maus resultados, basta haver uma boa gestão de tempo e tudo se faz”, e é “uma forma de ocupar algum tempo livre […] e acima de tudo criar laços de amizade”. A Magister refere que fazer parte destes grupos “é uma mais valia pois […] tornamo-nos pessoas muito diferentes e aprendemos muito”.
A mesma opinião tem Helena Aguiar, Presidente da “Tuna Académica Sons do Mar”, embora não deixe de confessar que “ (…) em certas alturas se torna um pouco difícil conciliar as duas coisas, mas há que estabelecer prioridades”. E, para além do tempo, manda a vontade pois, “quando se quer e se tem mesmo vontade conseguem-se as duas coisas”.
Pertencer a uma tuna não implica abdicar do estudo. Há cerca de dez anos atrás, havia uma menor preocupação em concluir o curso, pois a inserção no mercado de trabalho estava praticamente assegurada – a tuna estava acima de tudo para muitos tunantes. Actualmente, estar na universidade implica terminar o curso o mais depressa possível para que o emprego seja mais fácil de conseguir. Hoje, estar na universidade é uma corrida contra o tempo e a dedicação à tuna passa para segundo plano.

Tuna: um grupo de boémios?


Durante muito tempo atribuiu-se aos elementos da tuna o rótulo de “boémios”, o que era, de certo modo, verdade, atendendo às raízes da tradição e ao significado etimológico de ‘tuna’ – etimologicamente, ‘tuna’ significa ‘grupos de vadiagem’, ‘boémia’, ‘ociosidade’. O próprio sentido comporta, desde sempre, e de certa forma, uma conotação negativa.
Embora haja uma melhor aceitação da importância cultural e social das tunas, existe sempre quem expresse o seu desapreço pelas mesmas. Para Pedro Fragoso, há sempre alguém que vê na tuna “ (…) um grupo de pessoas que nada tem para fazer a não ser fazer barulho e beber copos”. Mas, “felizmente a maioria da comunidade académica, mesmo não demonstrando, gosta em geral das folias e festas que as tunas fazem, e da animação que estas proporcionam”, acrescenta.
Hoje, ser tunante não é sinónimo de preferir a vida boémia à estudantil. É aproveitar o gosto pela música e pelas tradições académicas, e aliá-lo a um espírito jovem e à diversão.


UAç bem representada dentro e fora da região


Sendo uma tuna um símbolo que representa a universidade, estará a Universidade dos Açores bem representada através das suas tunas? A maioria das respostas será sim.
Seja pelo traje que envergam, pelos emblemas bordados nas capas ou pelo logótipo estampado nos estandartes que giram em cima dos palcos, a tunas açorianas tentam representar a instituição da melhor forma possível. Assim o dizem alguns dos responsáveis.
Para o maestro da TAUA, “ (…) as tunas têm representado bem a UAç” e “prova disso são os inúmeros prémios que todas as tunas têm conseguido”, assim como o grande “número de convites que todos os anos chegam à Associação Académica para que as tunas participem em festivais e actuações”. “Isso só prova que temos qualidade e que essa qualidade está a dar provas dadas fora da nossa universidade”, acrescenta.
A Presidente da “Tuna Académica Sons do Mar” defende que “cada tuna representa a Universidade da maneira que pode segundo as suas capacidades e oportunidades”. Quanto à sua tuna, “apesar das nossas limitações fazemos sempre os possíveis por representar a nossa Universidade em todos os eventos e em todas as ocasiões da melhor maneira possível.” Para Pedro Fragoso, “cada tuna tem opções diferentes em vários pontos, o seu estilo, forma de estar (…) o que torna de certa forma cada tuna diferente”. Quanto às tunas da Universidade dos Açores, “existem várias diferenças entre elas, mas o resultado (…) tem demonstrado que ao longo destes anos as tunas representam, e bem, não só a universidade dos açores, como os açores em geral”. E os festivais são a grande oportunidade para qualquer tuna dar uma boa imagem da sua universidade.

Os Festivais: a força do “F-R-A”

Com o crescente número de Tunas fundadas na região, começaram a surgir certames de carácter competitivo que permitiram o intercâmbio entre as tunas açorianas e outras tunas nacionais e internacionais.
Durante o evento, que acolhe um público notável, embora maioritariamente estudantil, sobem a palco todas as tunas convidadas e as tunas a concurso. Um júri, formado por personalidades ligadas à área da música, avalia todos os pormenores e, dentro dos parâmetros estipulados, atribui os prémios aos grupos a concurso: “Melhor Tuna”, segunda e terceira melhor tuna, “Melhor Instrumental”, “Melhor Solista”, “Melhor Pandeireta”, “Melhor Porta-estandarte” e “Tuna Mais Tuna”.

Estes certames fazem já parte do itinerário cultural dos Açores. Para além de permitirem um convívio entre a comunidade académica e a comunidade açoriana em geral, os festivais possibilitam os intercâmbios entre estudantes açorianos e estudantes de outras regiões do país e do mundo. As tunas levam o nome da região “além fronteiras” e trazem às ilhas gente jovem que busca divertimento, boa música e partilha de histórias, canções e costumes.

“Se ser estudante é ter ânsia em saber e espírito jovem” então, para os membros de uma tuna “ser tuno será exaltar em música e canto o ânimo de ser estudante e o vigor da juventude, virtudes a deverem ser permanentes e sem idade”, representando a universidade, os estudantes, a região, o país, a história e as tradições através da música e do convívio.

OVGA - “O respirar (d)as Ilhas”

Criado em 2002, o Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores nasce de uma vontade comum dos amantes da natureza das Ilhas açorianas. O projecto tem como principais objectivos a pesquisa e a divulgação da ciência, bem como “o exercício e a promoção de actividades no campo da Vulcanologia, da Sismologia, da Geotermia e do Ambiente”. Sem fins lucrativos, o espaço foi criado, sobretudo, por professores da Universidade dos Açores e neste momento conta com cerca de 400 sócios.

A funcionar no Concelho de Lagoa, na Ilha de São Miguel, o Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores desfruta dos mais variados meios técnicos e humanos para a execução das práticas relacionadas com a sismicidade e vulcanologia do Arquipélago dos Açores.

Num edifício criado à medida dos objectivos propostos, podem encontrar-se várias divisões que nos guiam numa viagem alucinante pelo interior das Ilhas: desde o bar decorado com um “tríptico” que recorda a história geológica dos Açores, passando pela sala onde estão expostos os aparelhos de captação das várias ocorrências a nível da gravidade, magnetismo, sismicidade e deformação da terra, a visita é abrilhantada pelo magnífico corredor de lava que conduz à sala onde se encontra a exposição “Minerais da Vida” e a secção de fósseis, bem como uma parede ilustrada por quadros de vários autores, que contam a história vulcanológica do Arquipélago.


O Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores é composto pela Assembleia Geral, presidida por António Serralheiro, Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Lisboa, pela Direcção, presidida por Vítor Hugo Forjaz, pelo Conselho Fiscal, presidido por Francisco Menezes Rocha, e pelo Conselho Cientifico, do qual fazem parte inúmeros professores das Universidades dos Açores, de Aveiro, de Lisboa, e da Suiça.

“O desenvolvimento de programas e de projectos científicos, técnicos e de divulgação”, “o apoio técnico e científico às entidades”, “a montagem de infra-estruturas tecnológicas e científicas adequadas à comunidade açoriana”, e “a promoção de iniciativas orientadas para o debate conclusivo sobre experiências e inovações”, são as principais atribuições do OVGA para consecução do seu objectivo (Artgº 2º dos Estatutos registados em 10.06.2002, Objectivos do OVGA).

Este observatório dispõe de uma pagina na Internet, http://www.ovga-azores.org, onde dispõe de variadas informações acerca do próprio observatório, bem como das varias ocorrências sísmicas e vulcânicas no Arquipélago dos Açores.

O OVGA não é apenas um espaço de exposição, é também um local de discussão de novas ideias, de mostras de experiências e de divulgação científica. Os amantes da geodiversidade açoriana podem, aqui, respirar as Ilhas.


Os valores da terra

Numa sala pintada a cores vivas e que relembram a geodiversidade açoriana, e ainda incompleta a nível de exposição de materiais, encontram-se os vários aparelhos responsáveis pela medição dos valores da terra.

O sismógrafo, o magnetómetro, o gravímetro, o extensometro e o maregrafo, estão expostos numa divisão de vidro, e são eles que, vinte e quatro horas por dia, marcam as batidas e o respirar das Ilhas.

Enquanto que o gravímetro mede a gravidade das Ilhas, o extensometro e o maregrafo servem exactamente para medir as deformações que a terra e o mar, respectivamente, sofrem ao longo dos tempos, ao compasso das ocorrências sísmicas.

O sismógrafo, que deriva das palavras gregas seismis (sismo ou terramoto) e grafo, grafia (registo, escrita), regista o sismograma – registo visual dos sismos que se capta através das ondas (P e S). Este aparelho serve para registar as vibrações do solo e, actualmente, com a evolução tecnológica a que foi sujeito, este aparelho é tão sensível que consegue captar os mais insignificantes tremores de terra.

Relativamente ao magnetómetro, é um aparelho capaz de distinguir entre alterações gerais e outras que são causadas pelos movimentos das placas terrestres.

Como referiu Vítor Hugo Forjaz, especialista em vulcanologia, e presidente da direcção do OVGA, a sala vai dispor, em breve, de sistemas de projecção e de uma zona de conferências, onde serão debatidos e mostrados os trabalhos efectuados por aquele observatório.

A riqueza dos Açores

Após a observação dos aparelhos, passa-se à sala onde estão expostos os vários minerais que confirmam a geodiversidade existente no Arquipélago.

Um magnífico corredor de lava – criado a partir de uma estrutura de metal gradeada que cobre um solo iluminado de vermelho, com paredes escuras e moldadas, que imitam na perfeição as de um vulcão –, conduz à secção das exposições.

Os “Minerais da Vida”

Pequenas mesas de pé, colocadas lado a lado ao longo das paredes, mostram os minerais que se podem encontrar nas Ilhas e os utensílios que a partir deles se formam para usar (ou embelezar) no quotidiano.

Aqui encontramos o quartz, um dos minerais mais vulgares e mais importantes para uso comum; a pirite, mais conhecida como ouro falso, e as micas. Também se podem observar os minerais utilizados em joalharia, como por exemplo a esmeralda, a granada e o ouro, bem como minerais com interesse comercial, como é o caso do flúor, do ferro, da malaquite, do gesso, tão correntemente usado por artistas, e do chumbo.

Para além de querer dar a conhecer o património minério que possui o Arquipélago, um dos objectivos do OVGA em expor estes minerais foi o de mostrar ao público o quão importante são no quotidiano, tanto a nível de bens necessários, como a nível económico e financeiro.


Milhares de anos de história

Ao fundo da sala, uma pequena plataforma oferece o desfrutar de milhares de anos de história geológica, e também biológica. Aqui pode observar-se o fóssil de um ninho de dinossauro encontrado na China, que é uma das peças mais valiosas do OVGA, bem como fósseis de antepassados de caracóis encontrados no meio das vegetações da Ilha de São Jorge, ou um dente de tubarão com 6 milhões de anos encontrado na costa da Ilha de Santa Maria. A exposição conta ainda com fósseis de várias espécies de peixes, e com a carapaça de uma craca com cerca de 5 mil anos

A visita a esta sala termina com o recair do olhar sobre os quadros que retratam um pouco da história geológica dos Açores: a erupção do Pico, em 1150, o grande terramoto em Vila Franca do Campo, em 1522, a erupção nas Furnas, em 1630, e uma ilustração de uma erupção na Lagoa do Fogo, são alguns dos temas que figuram de forma colorida e real nas molduras penduradas.


Ciências e Linguagens Científicas

O grego na origem do vocabulário científico

A língua grega está na base de muitos dos vocábulos utilizados nas linguagens científicas, como é o caso da vulcanologia, da geologia ou da sismologia. Grande parte das palavras que correntemente se usam para designar os mais variados acontecimentos tem uma ligação etimológica com o grego, e, em alguns casos, com o latim.

Por exemplo, a palavra geotermia é composta pelos termos gregos geos (terra), e thermos (quente). Sismologia deriva das palavras seismos (terramoto ou sismo) e de logia, logos (ramo do conhecimento), e geologia de geos (terra) e logia, logos (ramo do conhecimento).

Quanto à palavra sismómetro, deriva de seismos (sismo ou terramoto) e de motron, que significa medição. Sismograma tem o mesmo radical mas termina com outra palavra grega, grammon, que significa abalo ou linha.

Assim sendo, também outros termos associados a ocorrências sismológicas estão ligados ao grego, como é o caso de epicentro e hipocentro: centro deriva do grego kentres (centro ou local), o prefixo epi significa “por cima”, e hipo significa “debaixo”.

Já a palavra vulcão deriva do nome do deus romano do fogo, Vulcano, e Tsunami de uma expressão japonesa que significa “grande onda de porto”.


Linguagens científicas no quotidiano das gentes

A toponímia açoriana está em grande parte relacionada com termos vulcanológicos e geológicos. Nomes dados a freguesias, zonas balneares, zonas piscatórias, zonas de moradia junto à costa ou numa extensão plana, estão normalmente ligados à história das Ilhas: “Lajedo”, “Biscoitos”, “Lajes”, “Achada”, “Chã”, “Mistério”, entre outros.

No caso de “Fajã”, toponímia muito comum em qualquer Ilha dos Açores, designa um sítio que se encontra junto ao mar (“Fajã de Talude”), ou um sítio originado de outra forma, normalmente por erupção vulcânica (“Fajã Lávica”). Quando não é “Fajã”, dá-se o nome de “Achada”, porque é plana mas não está junto ao mar.


Curiosidades

O OVGA editou recentemente um catálogo onde apresenta toda a informação sismológica e vulcanologica dos Açores. No “Catálogo Sísmico da Região dos Açores”, podemos encontrar todos os dados referentes à actividade sísmica das Ilhas dos Açores: abalos, sismos, terramotos, erupções, ocorridos entre os finais do século XIX e finais do século XX.

Tipos de Erupção

Na vulcanologia, os vulcões tomam o nome da primeira designação. Existem vários tipos de erupção: “Havaiana”, que surgiu no Havai; “Estromboliana”, “Vulcaniana”, “Peliana”. Recentemente, surgiu um novo tipo de erupção: a “Serretiana”, uma nova designação que surge de uma erupção totalmente diferente de todas as outras existentes, registada junto à costa da freguesia da Serreta, na Ilha Terceira, Açores.


Visita de Estudo

No passado dia 19 de Abril (2005), a turma de Comunicação Social e Cultura da Universidade dos Açores efectuou uma visita de estudo ao Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores (OVGA).
Integrada na disciplina de Cultura e Linguagens Cientificas, e organizada pelo docente dessa mesma disciplina, Professor Doutor António Machado Pires, a ideia da visita surgiu após uma aula sobre essas mesmas linguagens científicas – que teve como orador convidado o vulcanólogo e director do OVGA, Doutor Victor Hugo Forjaz –, e teve como principal objectivo o contacto com as várias linguagens cientificas relacionadas com o estudo da terra – vulcanologia, geotermia, sismologia, meteorologia.
Os alunos tiveram oportunidade de conhecer ao pormenor todos os materiais expostos no Observatório e toda a história geológica e vulcanológica das Ilhas.


O começo...

Este é o meu espaço cibernético. Aqui colocarei alguns dos meus trabalhos e outras informações que achar dignas do espaço.