12.12.07

Em resposta a um questionário sobre as modificações do mercado de trabalho.

Relato de um dia de trabalho em 2020:

Levanto-me pelas 07h00, arranjo-me, levo as crianças para o infantário (que me custa mensalmente cerca de 600€ - espero que já tenham empregado mais educadores de infância nessa altura). Faço a viagem no meu carro “quase” descartável, que se move a outro combustível qualquer que não gasolina ou gasóleo (porque nessa altura já terão acabado e provocado muitas guerras). Vou para o meu primeiro trabalho: das 8h30 às 13h00, do qual recebo cerca de 500€ por mês. Vou almoçar – das duas uma: ou comida completamente plástica ou, se os incentivos à agricultura biológica tiverem aumentado, vou almoçar qualquer coisa de super saudável.
Entro no segundo trabalho por volta das 14h00. Trabalho até às 17h30 – deste segundo trabalho angario mais uns tantos 700€. Ainda terei tempo de ir buscar os miúdos ao infantário, para deixá-los num ATL (que nessa altura já estará completamente enraízado na economia local). Entro noutro trabalho às 18h00, que poderá ser por exemplo, servir cafés ou passar produtos numa caixa do hiper – o facto de ter uma licenciatura provavelmente não me servirá de muito daqui a 12 anos (nem daqui a 1 ano servirá, quanto mais...).
Chego a casa por volta das 21h00. Provavelmente não assisto a televisão (por cabo ou netcabo, que já serão gratuitas), porque não tenho tempo nem paciência para assistir aos programas que serão cada vez "lixo mediático" ou porque a oferta de canais o facto de ter de selecionar o que quero ver me vai aborrecer muito e muito e muito.
Será tudo mais tecnológico (se calhar já vou ter um ou uma empregada que não usa farda e que também não fala - viva a robótica, hã...). Será tudo mais gratuito e o trabalho será (provavelmente) a dobrar porque o défice do país será provavelmente o triplo e tal como todos os outros portugueses, estarei a pagar por isso.
Outra hipótese seria emigrar, e aí o relato do meu dia de trabalho em 2020 seria completamente diferente a nível profissional e de bem estar.

3.12.07

Momentos

O último e mais importante voto que se recebe na tuna (TAUA)...


Arte... que relaxa....

16.11.07

I Edição do Seminário (LUSA/PE) sobre a UE para Jornalistas profissionais


A primeira edição do Seminário LUSA/PE de Formação de Jornalistas sobre a União Europeia realizou-se em Lisboa, entre Abril e Junho deste ano, e foi constituída por 13 conferências, distribuídas ao longo de 8 a 10 semanas (duas a três por semana).

Cada sessão do Seminário, com a duração de duas horas, teve um orador e um interpelante principal (um jornalista sénior). Em cada sessão, após a intervenção inicial do convidado, houve um período de cerca de uma hora para diálogo entre os formandos, o orador e o interpelador principal.

Participaram como formandos vinte jornalistas dos principais órgãos de comunicação social (OCS) nacionais e regionais do Continente.

A acção contou, como oradores, com mais de uma dezena de especialistas portugueses que estão ou estiveram envolvidos, a diferentes níveis, no processo de integração europeia, principalmente desde a adesão de Portugal, a saber:

Ex-governantes portugueses, como António Vitorino (antigo ministro de Estado e da Defesa, ex-eurodeputado e ex-comissário europeu), o embaixador Francisco Seixas da Costa (ex-secretário de Estado dos Assuntos Europeus e uma das figuras centrais da última Presidência Portuguesa da UE, em 2000), Armando Sevinate Pinto (ex-ministro da Agricultura e Pescas, antigo Director na Comissão Europeia e actual conselheiro do Presidente da República), Isabel Mota (ex-secretária de Estado do Planeamento e Desenvolvimento Regional, principal negociadora de anteriores QCA financiados por fundos comunitários, e actual administradora da Fundação Gulbenkian), Luís Frazão Gomes (ex-secretário de Estado Adjunto da Agricultura e Pescas e o mais experiente negociador-chefe português para as questões agrícolas na Reper portuguesa em Bruxelas), José Pena Amaral (ex-jornalista, primeiro correspondente português permanente em Bruxelas, e actual administrador do BPI), João Vale de Almeida (o mais antigo alto-funcionário europeu de nacionalidade portuguesa, ex-Director na Comissão Europeia e actual chefe de gabinete do presidente do executivo comunitário, Durão Barroso), os eurodeputados Carlos Coelho e Ana Gomes, o especialista em questões de Energia Pedro Sampaio Nunes (antigo director na Comissão Europeia e ex-chefe de gabinete-adjunto do primeiro comissário europeu de nacionalidade portuguesa, Cardoso e Cunha), o director do Gabinete do PE em Portugal, Paulo Sande, e Nuno Jonet (ex-jornalista e antigo porta-voz da Reper portuguesa em Bruxelas).

A acção contou ainda com um painel liderado pelo jornalista do diário francês ‘Liberation’ Jean Quatremer, um dos mais experientes correspondentes europeus em Bruxelas.

O Seminário teve a participação, como interpeladores principais, em cada sessão, de vários jornalistas experientes e/ou especializados em questões europeias, como Francisco Sarsfield Cabral (Director de Informação da Rádio Renascença), Jorge Wemans (Director da RTP 2), Nicolau Santos (Director-Adjunto do Expresso), Marina Pimentel (Rádio Renascença), Teresa de Sousa (Público), Rui Moreira (LUSA) e Manuel Meneses (RTP).


II Edição – Ponta Delgada – AÇORES

17 NOVEMBRO 2007/SÁBADO

Hotel Royal Garden

Programa

09h20

ABERTURA

Paulo Sande

Director do Gabinete em Portugal do Parlamento Europeu (PE).

09h30/11h00

Vasco Cordeiro

Secretário Regional da Presidência do Governo Regional dos Açores.

Coffee-break

11h30/13h00

Deputados europeus Duarte Freitas (PSD) e Paulo Casaca (PS) Debate: o novo Tratado europeu e as regiões ultraperiféricas, bem como a projectada Política Marítima europeia, cujas grandes linhas poderão ser aprovadas pelos 27 ainda durante a actual presidência portuguesa da UE.

13h00/14h30 – ALMOÇO NO HOTEL

15h00/16h30

Carlos da Costa Neves

Antigo eurodeputado, ex-ministro da Agricultura e Pescas e ex-secretário de Estado dos Assuntos Europeus.

17h00/18h30

José Luís Pacheco

Administrador no Parlamento Europeu e membro da equipa da euro-assembleia que participou nas negociações do Tratado europeu de Lisboa.

20h30 – JANTAR DE ENCERRAMENTO COM ORADORES E PARTICIPANTES NO SEMINÁRIO.

12.11.07

... possível definição de um tipo de amor...

... é como um comboio: vem e vai.
Mas faz tanto, tanto barulho ao passar...

9.11.07

O poder do cinema

Na aula de Cinema e Literatura visionámos o filme "A Rosa Púrpura do Cairo", um filme de Woody Allen, espectacular e extremamente bem conseguido. Aqui vai o comentário que fiz para entregar ao professor...


"O cinema foi conhecendo várias formas de poder desde o seu aparecimento. No início o choque foi inevitável, não só pelo factor novidade como também pela “espectacularidade”: era um mundo novo, embora sem som, que levava o público mais além; era a entrada num mundo de sonho e fantasia.
Mais tarde, com as melhorias a nível da técnica e com a ajuda de novos suportes tecnológicos (que ajudavam nesta transformação do mundo real em ficção), os filmes já sonorizados embalavam o público numa viagem ainda mais fascinante: aquelas pessoas/personagens que estavam no grande ecrã tinham vida e falavam, cantavam e apaixonavam-se.
Paralelamente aos novos sistemas de suporte e transmissão de filmes iam surgindo novas “modas” e tendências cinematográficas. Do riso passou-se ao romance, e do romance aos pequenos documentários e às aventuras e policiais. O poder do cinema dá-se em dois planos: no plano tecnológico e no plano da narração. Em pouco tempo o mundo viu-se a braços com imensas novidades; o cinema foi, provavelmente, uma das que maior impacto causou.
Mas o poder do cinema ainda se desenvolveu noutro plano: no plano do social. Ir ao cinema era sinónimo de integração, projecção e crédito social; chegou a ser um acto quase sagrado e de “finura” para as gentes citadinas. Mais tarde, e porque os meios de transporte assim o permitiram, organizavam-se sessões ao ar livre nas zonas menos cosmopolitas. Nos Açores, por exemplo, as gentes das freguesias rumavam todas ao terreiro para assistir à “matinée”; os novos filmes eram passados de forma gratuita (embora com um atraso bastante acentuado relativamente à data de estreia). Era uma forma de estar em contacto com o resto do mundo, com a novidade; também ajudava nas relações sociais e, sobretudo, cativava o sonho. Provocava o riso ou o choro “global”.
Voltando ao poder do cinema, este desenvolve-se em três planos: tecnológico, narrativo e social. Ainda podemos acrescentar mais um. O plano emocional!
Woody Allen conseguiu captar precisamente esse plano em “A rosa púrpura do Cairo” – em 1985 eram visíveis as marcas deixadas pelas “películas” (com tão pouco tempo de vida!). A partir deste filme é possível observar a difícil tarefa que era cortar a relação entre o real e o fictício. Quando se sentava na sala para assistir ao filme, Cecília deixava de ser uma mulher real para embarcar numa viagem ao mundo da ficção. Só ao olhar para o grande ecrã, ela podia sorrir, chorar, sofrer e pôde, inclusive, amar.
Um dos momentos do filme é, sem dúvida, quando o personagem sai do ecrã. É de facto isso que se imaginava quando se ia ao cinema: não se conheciam os actores que representavam esses personagens, nem de como era o making off de um filme; portanto, aquelas pessoas podiam mesmo sair do ecrã! Era como que se a tela tivesse um limite; como se tudo se resumisse àquele pequeno espaço. Nada acontecia fora dali. E aquelas pessoas e aquelas vidas e aqueles lugares existiam de facto.
O cinema veio alimentar o lado fascinante do Homem. Antes, os contos de fadas faziam todas as donzelas esperar pelo seu príncipe que ia aparecer montado num cavalo branco. Com o cinema, quantas mulheres não sonharam vestir aquelas roupas tão pomposas e dançar majestosamente ao som de uma balada de encantar? Ou quantos homens não se imaginaram a dançar com uma musa chamada Marilyn Monroe?
Entre a imagem e o som, entre a comédia e a fantasia, entre o social e o individual, o cinema foi-nos provocando de diversas formas. Primeiro o espanto, e até mesmo o medo. Depois o sonho, o romance… o suspense. O cinema foi também veículo de “modas” e estilos: certas falas, canções, danças, modos de vida, decoração, roupas e cortes de cabelo, e outras formas de estar e ser.
Hoje o cinema já não espanta – à maior parte das pessoas, àquelas que fazem questão em perceber todos os porques e porquês. Continua a ser um avião para a terra da fantasia mas já não nos seduz de forma tão genuína como seduzia Cecília – acredita-se que ainda haverá uma ou outra Cecília por aqui e por ali. Mesmo assim, ainda nos faz sonhar e ainda origina “modas” e estilos (quase melhor que ninguém). "

Recepção aos alunos do primeiro ano de Comunicação Social e Cultura

(discurso)
Dou-vos desde já as boas vindas, em meu nome e em nome da minha turma.
Nesta cerimónia de recepção foi-me pedido para representar a minha turma durante este curto tempo. Penso que o objectivo será, para além de estabelecer um contacto com vocês, falar um pouco acerca do nosso percurso enquanto estudantes de Comunicação Social e Cultura… falar dos projectos e das experiências.

Nós (4º ano) temos o privilégio de termos sido os primeiros alunos do primeiro curso de Comunicação Social criado nos Açores. Privilegiados por isso, mas não “mais beneficiados”. Fomos os primeiros e também foi a partir de nós que se remediaram algumas “falhas” (poucas) – porque é sempre assim com experiências novas: vamos experimentando até conseguir o resultado pretendido.
E esperamos, sinceramente, que as coisas corram da melhor forma para vocês, e para todos os colegas que ainda ficam.

Agora, falando um pouco acerca do nosso percurso, ou melhor dizendo, dos nossos projectos…
No primeiro ano quisemos fazer um jornal, interno, da universidade, não diário… provavelmente mensal. Mas, por falta de trabalho nosso ou por falta de outros incentivos, nunca chegámos a fazer o jornal.
No segundo ano, a ideia voltou a ficar arrumada na prateleira.
No terceiro ano… surgiu a ideia de criar um núcleo de Comunicação Social e Cultura, por parte dos nossos colegas do segundo ano. Houve alguns “atritos” (digamos assim) entre as turmas… e a minha turma abandonou o projecto (que não sei como está agora).
Entretanto, com o “boom” de blogs, facilidades e ferramentas ao dispor, a minha turma criou o blog de CSC (comunicacaosocialecultura.blogspot.com).
Este blog funciona como intermediário. Intermediário entre alunos, entre alunos e informação, entre alunos e matéria a ser dada, entre alunos e as suas perspectivas e objectivos…
É também, e sobretudo, a nossa “oficina” virtual.
Aqui colocamos notícias e outros textos jornalísticos feitos por nós ou tirados de outros espaços virtuais.
Colocamos destaques para programas de televisão relacionados com a nossa área, ou que sejam minimamente interessantes. Destaques de livros – novos ou não.
Temos uma agenda… que se desenvolve a nível institucional, cultural / local, para alem de um espaço dedicado a informações úteis – como por exemplo, datas de reuniões, datas de inscrições, etc.
Temos um espaço dedicado a links para outros blogs ou páginas que consideramos interessantes, e os quais consultamos com alguma frequência.
Normalmente colocamos no nosso blog artigos que achamos interessantes, quer sejam notícias, reportagens, crónicas ou artigos de opinião; artigos esses que permitam alguma reflexão e discussão da nossa parte (em grupo, nas aulas, etc).
Este blog é da nossa autoria. Somos nós que o actualizamos. No entanto, convidamos os nossos colegas (novos e antigos) a consultá-lo – mesmo que não seja diariamente. Podem sugerir material para ser colocado, podem comentar, “acender discussões”.
É uma forma de estarmos ligados (embora de forma virtual) dentro da nossa área que é a Comunicação Social e a Cultura.

Para finalizar, e indo ao encontro do que estava a dizer, relativamente à discussão de ideias, ao debate… um pequeno conselho.
Devorem a matéria que vos é dada! Mas não se acomodem… instruam-se, pesquisem, façam formações, cursos; façam o vosso percurso, a vossa autoformação paralelamente àquilo que vos é ensinado.

E lembrem-se que, Comunicação Social não é só jornalismo. E jornalismo não é só aparecer na televisão e conhecer gente famosa. Não é só assinar um contrato e trabalhar até às seis – já basta de comodismo na CS dos Açores!
Ser jornalista é ter um dever social – o dever de informar (ou de entreter) de forma correcta, concisa e verdadeira (sobretudo!).

Por isso, absorvam tudo durante estes três anos de curso. Instruam-se conforme as vossas vontades. Façam projectos, concretizem projectos. Aproveitem os estágios de verão, que nos ajudam muito! E…
Visitem o nosso blog :)

30.9.07

Últimas criações

Andar de bicicleta deve ser uma das poucas coisas das quais nunca nos esquecemos de fazer. Mesmo assim, ao princípio custa-nos o equilíbrio...
Com o desenho de páginas de internet acontece o mesmo. Também nos esquecemos de algumas coisas... também nos "custa" a equilibrar ao princípio... e, pior que isso, custa-nos admitir a "ferrugem" nos dedos, nos cliques, no programar.

Mas é engraçado (ou não) ver como as coisas deixam de fazer parte da nossa vida...
Há três ou quatro anos atrás, os dias passavam-se sentados em frente a bits e bytes, a photoshop e dreamweaver... Até há poucos dias atrás, já não me lembrava da sensação de estar mais de sete horas em frente a um ecrã. Há três anos não faziam parte os livros, as férias ou as saídas frequentes com os amigos.

Há três anos, os amigos eram poucos, e além disso não se saía para beber uma cerveja. Não havia tempo! Hoje e o mais fácil (e frequente de se fazer).

Até há sensivelmente duas semanas, não conseguia "abrir" os ouvidos à música clássica. Hoje, consigo passar horas com a televisão ligada no canal "Mezzo".

São algumas das coisas que mudaram em tão pouco tempo.
Mesmo assim, ainda continuo a gostar de música, dos livros, do "cheiro" de Angra, do mar revolto nos meses frios na baía de Angra,... ainda gosto do café, do sorriso e do jeito das crianças,...

Mas, voltando ao início da bola de neve e das coisas que mudam e não mudam e deixam de mudar, estive a fazer uma página (muito "enferrujadamente"!) para o SIEN - Seminário Internacional de Estudos Nemesianos, num especial favor ao (mestre!) Professor Machado Pires.

Está aqui, ainda em construção. Que não seja pelo meu trabalho, mas pela obra que o fez nascer, que é a de um grande senhor açoriano chamado Vitorino Nemésio, e é também a obra dos que pela obra dele e pelo preservar da cultura se interessaram.

Com vocês, SIEN.

20.9.07

Memórias

O que eu fui descobrir...




Belos tempos... orgulho-me de os ter aproveitado bem, de ter travado amizades, de ter conhecido lugares,... de ter passado tanto frio em Aveiro,... de não ter tido medo de me perder nas ruas da Finlândia... nem me arrependo de ter perdido pontuação por ter chegado atrasada...
Só me arrependo de não me ter esforçado mais para conseguir uma pontuação melhor para Portugal. Mas também já pedi desculpa.
Excelentes momentos me deram os bits e bytes, o Photoshop e o Dreamweaver, as "ensaboadelas do meu colega de trabalho Filipe Rocha na Via Oceânica... as horas intensas de formação em PHP (obrigada pela paciência prof. Alexandre Patronilha!) na Escola Profissional de Capelas. Deram-me prazer, sobretudo, os inesquecíveis três anos de formação na Escola Profissional da Praia da Vitória.

Chegou o momento de torná-lo público: OBRIGADA A TODOS!... :)

Mitologia... 'mithos' e 'logos'... o "discurso" sobre os mitos.












Fascina-me o mundo da mitologia. Sempre me fascinou.
Depois de algumas aulas de Grandes Obras da Literatura Ocidental ainda me fascinou mais: a Ilíada, a Odisseia,... o Dom Quixote e os nossos Lusíadas. Obras recheadas de imaginação, heroísmo e mitologia.

Estava a ver um programa na SIC Notícias onde fizeram referência a um blog sobre mitologia (clássica). Aqui está ele.

Interessante...

http://mitologia.blogs.sapo.pt

"Em tempos antigos, a "Odisseia" e a "Ilíada" faziam parte de um conjunto de oito obras relativas à Guerra de Tróia. Infelizmente, hoje em dia as outras seis obras encontram-se quase totalmente perdidas, mas ainda existe alguma informação relativamente às mesmas."

Para mais sobre mitologia... uma enciclopédia mitológica virtual AQUI.

QUE DEUS ?

Não sei se se deve à minha falta de acreditar no "Deus" que alguém idealizou e transformou em fonte de fé e conduta para a sua vida... ou simplesmente pela minha revolta contra o "Deus" que a Igreja tanto impinge e diz ser o "perfeito", decidi colocar aqui a letra de uma música de um rapper português.
Boss AC de nome artístico... não sou muito amante de rap ou hip hop mas consigo abrir os ouvidos a qualquer som e sei apreciar e diferenciar músicas, letras, pessoas, carreiras e clubes de fãs, ou artistas feitos à "pressão".

Quando ouvi esta música (embora me apeteça alterar algumas coisas por forma a soar gramaticalmente melhor ) achei-a bonita... e afinal existe alguém que pensa como eu...


"Que Deus?

Quem quer que sejas, onde quer que estejas
Diz-me se é este o mundo que desejas
Homens rezam, acreditam, morrem por ti
Dizem que estás em todo o lado mas não sei se já te vi
Vejo tanta dor no mundo pergunto-me se existes
Onde está a tua alegria neste mundo de homens tristes
Se ensinas o bem porque é que somos maus por natureza?
Se tudo podes porque é que não vejo comida à minha mesa?
Perdoa-me as dúvidas, tenho que perguntar
Se sou teu filho e tu amas porque é que me fazes chorar?
Ninguém tem a verdade o que sabemos são palpites
Se sangue é derramado em teu nome é porque o permites?
Se me destes olhos porque é que não vejo nada?
Se sou feito à tua imagem porque é que durmo na calçada?
Será que pedir a paz entre os homens é pedir demais?
Porque é que sou discriminado se somos todos iguais?

Porquê que os Homens se comportam como irracionais?
Porquê que guerras, doenças matam cada vez mais?
Porquê que a Paz não passa de ilusão?
Como pode o Homem amar com armas na mão? Porquê?
Peço perdão pelas perguntas que tem que ser feitas
E se eu escolher o meu caminho, será que me aceitas?
Quem és tu? Onde estás? O que fazes? Não sei
Eu acredito é na Paz e no Amor

Por favor não deixes o mal entrar no meu coração
Dou por mim a chamar o teu nome em horas de aflição
Mas tens tantos nomes, és Rei de tantos tronos
E se o Homem nasce livre porque é que é alguns são donos?
Quem inventou o ódio, quem foi que inventou a guerra?
Às vezes acho que o inferno é um lugar aqui na Terra
Não deixes crianças sofrer pelos adultos
Os pecados são os mesmos o que muda são os cultos
Dizem que ensinaste o Homem a fazer o bem
Mas no livro que escreveste cada um só leu o que lhe convém
Passo noites em branco quase sem dormir a pensar
Tantas perguntas, tanta coisa por explicar
Interrogo-me, penso no destino que me deste
E tudo que acontece é porque tu assim quiseste
Porque é que me pões de luto e me levas quem eu amo?
Será que essa é a justiça pela qual eu tanto reclamo?
Será que só percebemos quando chegar a nossa altura?
Se calhar desse lado está a felicidade mais pura
Mas se nada fiz, nada tenho a temer
A morte não me assusta o que assusta é a forma de morrer

Quanto mais tento aprender, mais sei que nada sei
Quanto mais chamo o teu nome menos entendo o que te chamei
Por mais respostas que tenha a dúvida é maior
Quero aprender com os meus defeitos, acordar um homem melhor
Respeito o meu próximo para que ele me respeite a mim
Penso na origem de tudo e penso como será o fim
A morte é o fim ou é um novo amanhecer?
Se é começar outra vez então já posso morrer."

in "Ritmo, Amor e Palavras"

18.9.07

Canção Simples

Tiago Bettencourt & Mantha

... mas que canção...

26.8.07

O livro...

Li-o já tarde, em 2001. Arrependo-me de não o ter lido mais cedo.



Ofereceram-me depois de o ter lido a primeira vez. Foi, provavelmente, a melhor e mais sincera oferta que tive até hoje (obrigada).



É uma simples e verdadeira lição de vida. Deviam distribui-lo gratuitamente, de porta em porta.. talvez assim pudessemos ter um mundo melhor...



Sain-Exupéry também escreveu mandamentos...


...E foi então que apareceu a raposa:
- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o principezinho, que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu? perguntou o principezinho. Tu és bem bonita...
- Sou uma raposa, disse a raposa.
- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.
- Ah! desculpa, disse o principezinho.
- Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida, disse a raposa. Significa "criar laços..."
- Criar laços?
- Exactamente, disse a raposa. Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no mundo...
Se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...

A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe:
- Por favor... cativa-me! disse ela.
- Bem quisera, disse o principezinho, mas eu não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
- A gente só conhece bem as coisas que cativou, disse a raposa. Os homens não têm mais tempo de conhecer alguma coisa. Compram tudo prontinho nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me! ... "

Antoine de Saint-Exupéry

Os Verdes Anos...

Numa das minhas cibernavegações, encontrei um blog que é um verdadeiro tesouro para a geração de finais de 70 e 80 (do século XX).





É um baú de recordações... de coisas que fizeram parte de nós,... das nossas fantasias,... das nossas afirmações, experiências, paixões...





Porque as recordações são para ser lembradas,... e fazem-nos tão bem, tão bem...





osverdesanos.blogspot.com

O melhor do mundo


"

[...]

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

[...] "

Momentos


A música...

Grandes homens... grandes poemas...

Recomeça…
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo
Ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar
E vendo,
Acordado,
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças.

Sísifo - Miguel Torga

Momentos

Aos 19 anos... terceiro emprego. (www.viaoceanica.com)

7.8.07

Liberdade

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.

O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

O mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...


Fernando Pessoa

Momentos...



Campeonato Nacional das Profissões.

Aveiro. 2004

Encosta-te a mim...

... sem dúvida um dos melhores videoclipes de sempre, de um dos maiores compositores portugueses de sempre.

22.7.07

Estágio no Rádio Clube de Angra

Bem, acho que encontrei a minha área preferida dentro daquilo que hoje em dia se considera Comunicação Social.
A rádio é, de facto, um mundo mágico. É um viver em adrenalina, esperar o inesperado, improvisar à última da hora, é o entreter, o dar uma voz sem rosto.
Novos projectos estão para breve.

22.5.07

Atrás de um flash

Rocío Magañas

Chegou há quase três meses à Universidade dos Açores para fazer um estágio através do programa Leonardo da Vinci. Com lugar assente no Departamento de Línguas e Literaturas Modernas, Rocío Luque Magañas fica até final de Maio a desenvolver o seu trabalho em fotojornalismo. A transmissão de novos conhecimentos, o contacto com outras culturas e a necessidade de viver novas experiências fizeram-na voar para o Oceano Atlântico.

Aos 25 anos de idade, Rocío Magañas é doutoranda em Cinema e Fotografia na Universidade de Málaga. Com um estilo descontraído e simples, fala com paixão sobre a imagem. Nascida em Espanha, licenciada em Fotojornalismo e especialista em Cinema Documental, cedo percebeu um especial interesse pela fotografia e por todas as suas técnicas, “tinha um gosto especial por alguns fotógrafos, estava sempre a procurar informações sobre eles mas nunca tinha tido possibilidade de ter um professor de fotografia, especificamente, que me ensinasse todas as técnicas e práticas que existem na fotografia”. Foi no segundo ano da sua carreira em jornalismo que teve a feliz oportunidade de conhecer mais de perto esta arte, “tive oportunidade de ter um curso de fotografia artística e foi o meu primeiro contacto directo com a máquina fotográfica e com a revelação, o laboratório, branco e preto, tudo…”, acrescenta Rocío.

Da sua passagem pela ilha de São Miguel fala com bastante entusiasmo e garra. Veio através de uma bolsa de trabalho do programa europeu Leonardo da Vinci, que conseguiu com muito trabalho e dedicação, “tive que passar nuns exames para poder vir… vim através de uma bolsa vou ficar aqui durante três meses e meio, e muito contente”, refere a fotojornalista com um sorriso no rosto.

Veio em busca de novos conhecimentos e de novas experiências. Além disso, o gosto pelo contacto com culturas e tradições diferentes também contribuíram para a sua partida de Espanha. Quando chegou a Ponta Delgada pensava que lhe tinham reservado lugar para estagiar numa rádio, mas depois “disseram-me que era possível trabalhar na Universidade e para mim é muito bom, porque estou a fazer um doutoramento em Espanha, sobre cinema e fotografia, e encontrei o que estava realmente à procura, a experiência que procurava”. Segundo Rocío, a experiência combina na perfeição com as suas expectativas e objectivos, “a transmissão de conhecimentos e também a possibilidade de falar de temas que me interessam e sobre os quais me estou a especializar”.

Relativamente à fotografia, é adepta do analógico: prefere ser ela própria a determinar qual a luz, o contraste e a focagem, e a efectuar todo o processo de revelação. São as suas fotografias, desde o click ao papel. Segundo ela, as fotografias digitais não tem tanta beleza quanto as analógicas.

O seu especial interesse recai sobre o fotojornalismo, nomeadamente, o fotojornalismo de guerra. Durante os três meses de passagem pelo Departamento de Línguas e Literaturas Modernas da Universidade dos Açores, Rocío proferiu algumas palestras destinadas aos alunos de Comunicação Social e Cultura e ao publico em geral sobre análise de imagens fotográficas. “Fotografia de guerra”, “Cinema e Fotografia” ou "O olhar da personagem e a construção do espaço fílmico" foram alguns dos temas que escolheu para dar a conhecer fotógrafos famosos, os processos de interpretação, as técnicas de análise das imagens e a arte de fotografar.

Quanto aos trabalhos que se fazem nos Açores, Rocío diz não ter muito conhecimento, porque só teve possibilidade de ver uma exposição fotográfica sobre os Romeiros de São Miguel, que diz ter gostado muito, “porque eram todas muito documentais, de como faziam o caminho, os romeiros e tudo mais”. Ficou muito surpreendida pela beleza e qualidade das imagens, “porque reflectiam realmente o sentido que o caminho tem para eles e, quando uma fotografia expressa realmente o que queres dizer, podes captá-lo no momento em que vês a fotografia”, refere Rocío.

A sua máquina fotográfica também veio para os Açores e já disparou alguns flashes. Ao percorrer a ilha, a espanhola ficou encantada com algumas paisagens que lhe valeram “fotografias recordação”: “fui às furnas, às Setes cidades” e pensa que “são sítios tão espectaculares que quando chegas ficas um pouco de tempo a tranquilizar e dizes “bem, agora vou tirar umas pequenas fotos para as minhas recordações”, termina Rocío.

Joaquim fidalgo, jornalista de profissão

Crónica

Durante quase uma hora, Joaquim Fidalgo falou sobre o jornalismo como profissão ou hobby; o jornalista como profissional ou amador, e sobre as várias fases da imprensa e do próprio sinónimo de comunicar e de informar.

No passado dia 15 de Maio encontravam-se alguns interessados na plateia do Anfiteatro C da Universidade dos Açores, para além dos alunos dos cursos de Mestrado em Cultura e Comunicação e de Licenciatura em Comunicação Social e Cultura, para os quais era dirigida a conferência.
Com um discurso pouco formal, acessível e muito cuidado, e com uma gesticulação tão clara que prendia a atenção do menos atento, Joaquim Fidalgo falou nos prós e contras de uma profissão que já conheceu dias tão diferentes desde a sua aparição. À medida que falava, ia passando os diapositivos recheados de informação da apresentação que preparou especialmente para este encontro.

No final, o "jornalista profissional", como de resto se autodesigna, mostrou-se disponível para responder a algumas questões. Como o tempo já esgotava, porque chegava a hora do jantar e porque no departamento, alguns alunos do Mestrado em Comunicação e Cultura já aguardavam a sua presença, foram levantadas poucas perguntas.

Joaquim Fidalgo saiu do Anfiteatro C, acompanhado pelos docentes do Departamento de Línguas e Literaturas Modernas, e seguiu para a aula de mestrado sobre "Ética na Comunicação". Já no exterior ainda houve lugar para um cigarro e alguma conversa com alguns docentes e alunos de Comunicação Social e Cultura.

24.4.07

Sarau musical no Coliseu Micaelense

foto: www.coliseumicaelense.pt

Rui Veloso e Kátia Guerreiro nos 95 anos do BCA


Acompanhados pela Orquestra Clássica da Madeira, Rui Veloso e Kátia Guerreiro encheram de música o Coliseu Micaelense, no passado domingo. Na comemoração do seu 95º aniversário, o Banco Comercial dos Açores (BCA) ofereceu a um vasto leque de convidados um serão musical.

“O nosso banco”, lema pelo qual se fez notar entre os açorianos, convidou dois dos grandes nomes da música portuguesa contemporânea. Por volta das 20h30 a plateia do grande anfiteatro de Ponta Delgada começou a encher. Vestidos a rigor para a celebração, os convidados foram procurando os lugares que lhes eram destinados.

O pano estava subido e aproximava-se o início de um serão comemorativo, que se prolongou até cerca das 11 horas da noite. Já em palco, a apresentadora fez as honras da casa, dando os parabéns à instituição e apresentando oradores e convidados musicais.

O comendador (nome) subiu ao palco em primeiro lugar e proferiu um discurso onde relembrava ao público o começo daquele que seria o Banco dos Açores. Das ideias aos actos, dos primeiros depósitos à mudança de nome, (nome), por entre golos de água e alguns engasgos saudáveis de nervosismo, embalou os convidados numa breve história, bastante aplaudida no final.

Finalizada a palestra, começaram a entrar os músicos da Orquestra Clássica da Madeira, que ordenadamente ocuparam os lugares nas cadeiras já dispostas antes de começar o espectáculo. Pouco depois, sobe ao palanque Rui Massena, o Maestro. Um jovem alto, com ar bem descontraído e cuja aparência não fugiu à regra: fraque, cabelo um tanto ou quanto despenteado e de batuta em punho.

Durante alguns segundos, e de forma ordenada, os naipes de músicos foram afinando os seus instrumentos, porque o calor e a humidade assim o obrigam. O maestro ergueu a batuta e a orquestra começou. Um meddley com sons e ritmos fortes ecoou na sala um misto de Chicago e cabaré que encheu de risos, espantos e aplausos a plateia e as bancadas do Coliseu Micaelense.

Kátia Guerreiro, um dos grandes e recentes nomes do fado em Portugal e no estrangeiro, foi chamada ao palco. Vinha de vestido comprido, negro e vermelho, de saia rodada bordada com lantejoulas pretas que brilhavam com a luz que dançava sobre ela. Uma voz límpida e estridente deambulou por entre os convidados, recebendo “bravos” e “ah fadistas”. Numa meia hora, a fadista e os tocadores que a acompanharam sentados ao seu lado esquerdo, ofereceram ao público boa música em oito faixas escolhidas a rigor.

Por entre os trilhados da guitarra portuguesa e o compasse dos violões, ouviam-se violinos e flautas, trompetes e clarinetes; uma completa harmonia musical entre fado e orquestra que se percebia pelos sorrisos de cumplicidade entre Kátia e Rui Massena.

Aplausos finais e um curto intervalo, durante o qual os convidados passearam pelas salas de entrada e pelos corredores, mimados com champanhe e chocolates que lhes serviram as hospedeiras. Por entre o burburinho trocavam-se impressões, ora acerca da organização do evento, ora sobre espectáculo ao qual acabavam de assistir ora sobre o BCA e a sua história. Os assuntos eram diversos.

As luzes baixaram de intensidade. Aproximava-se o início da segunda parte do espectáculo. Os convidados reentraram na sala para ouvir Rui Veloso, acompanhado pela sua banda e pela orquestra, que, por sua vez, animou todo o espectáculo.

Com uma aparência um pouco mais formal que o habitual, Rui Veloso entrou em palco, não com muitos sorrisos, como de resto lhe é característico, de fato cinzento-escuro e com um andar ritmado e sereno. Em cena estavam a orquestra e o seu grupo de três vozes, um baixo, uma guitarra, bateria, percussão e o tão característico piano.

“A gente não lê”, faixa que ficou conhecida do grande público depois do lançamento do CD acústico, foi a primeira música e que quase aqueceu o público. Seguiram-se outras oito (nove músicas no total), umas mais conhecidas, como “Porto Covo” ou “Não há estrelas no céu”; outras do seu recente trabalho editado, “Espuma das Canções”, como por exemplo “Canção de Alterne”. Durante todas elas se conseguia ouvir o burburinho de algumas vozes da plateia que cantavam quase em silêncio.

Os arranjos musicais da orquestra foram da responsabilidade do maestro; os mesmos foram aplaudidos pelo artista, e valeram um aperto de mão visivelmente sincero. Duas das músicas demarcaram-se pelas entradas dadas pelos solos da flauta transversal, no “Bairro do Oriente”, e do clarinete na música “Não há estrelas no céu”.

No final, Rui Veloso chamou Kátia Guerreiro para consigo cantar uma música escrita e composta por ele, que falava sobre a ilha de São Miguel. Depois, continuaram com um sorridente e divertido “Chico Fininho” e uma intensa “Veia do Poeta”.

Vieram as flores, os aplausos e o final do espectáculo. Seguiram-se os agradecimentos e uma pequena homenagem da fadista ao público: sem acompanhamento musical, Kátia Guerreiro cantou e encantou a todos com uma “Chamateia” bem à moda açoriana, quando já alguns convidados se dirigiam para a saída (e ficaram mesmo no corredor para ouvir o momento).

Já passava das onze quando todos saíram ordenadamente, uns mais apressados que outros. À saída foram presenteados com uma capa, oferecida pelo Banco Comercial dos Açores, que no interior continha uma cópia do primeiro contrato feito pelos accionistas fundadores, bem como uma cópia de um recorte do jornal que noticiava, em 1912, a abertura da instituição.

Berta Cabral, a presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, acompanhada pelo seu marido, foi a última a deixar a sala, cumprimentando os convidados e dando os parabéns a organização.
As portas do Coliseu Micaelense fecharam. Lá dentro permaneceram alguns, encarregues de desmontar o material. Cá fora, os músicos da Orquestra Clássica da Madeira recebiam alguns “parabéns” e apertos de mão.

TUNAS - A arte de cantar a Universidade


Da Tunísia chegaram as serenatas, o trinado do alaúde e o som estridente das pandeiretas. Em Espanha nascem os “Sopistas”. No século XIX Coimbra traz a tradição tunante para Portugal.
Em 1991 nasce a primeira Tuna na Universidade dos Açores. Dezasseis anos passados, ainda se questiona acerca do papel das tunas na comunidade académica e na sociedade em geral.

Para o convívio ou para o divertimento, para a integração ou para a música, o que é certo é que as Tunas envergam as cores da Universidade que representam e assumem, actualmente, um papel dinamizador a nível social e cultural. Elas dão voz ao espírito académico e levam longe a tradição, a música e o nome dos Açores e da sua Universidade.


Reza a história que algures em Tunes, na Tunísia, um califa passava os dias a cantar pelas ruas e as noites a encantar donzelas, com serenatas ao som do seu alaúde. Mais tarde, em Espanha, ainda durante a Idade Média, grupos de estudantes universitários pobres animavam as ruas e as praças, conventos e casas de nobres, com as suas músicas e simpatia, em troca de um prato de sopa. À noite os “Sopistas”, como ficaram conhecidos, fugiam das residências universitárias para cantar e encantar as donzelas e, para escapar à polícia, cobriam-se com as suas capas negras e longas, escondendo, assim, os seus rostos. Com o passar dos anos, os “Sopistas” transformam-se em grupos de estudantes que tocam por prazer e não por sobrevivência. Estamos no século XVI e surgem, assim, as Tunas.
Em Portugal, a tradição surge apenas em meados do século XIX quando um grupo de estudantes de Coimbra, numa visita a Espanha, decide trazer a tradição para o país. Assiste-se, então, a um enorme movimento de fundação de Tunas académicas.
Estávamos no ano de 1991 quando é fundada a primeira tuna da Universidade dos Açores, no pólo de Angra do Heroísmo. A “Tuna Académica Sons do Mar” abriu o caminho para a implementação da tradição tunante nos Açores. Em 1993 é fundada a “Tuna Académica da Universidade dos Açores” (TAUA), a primeira do pólo de Ponta Delgada. Seguiram-se os “Tunídeos”, a “Tuna Com Elas”, a “Enf’in Tuna” e a “T.U.S.A.”.


Tuna: representar uma universidade e uma cultura


Relativamente ao papel que as tunas desempenham na vida universitária, as respostas pouco diferem: ajudam e tornam divertida a inserção dos novos alunos na universidade. De facto, fazer parte de uma tuna não é a única forma de se “vestir” o espírito académico mas, para os elementos das tunas da Universidade dos Açores, é uma mais valia porque, para além do contacto que se estabelece com alunos da própria universidade e com a comunidade em geral, permite o contacto com outras realidades, com outras culturas e com outras tunas, quer a nível nacional quer internacional.
Para Darci Santa Rosa, estudante do curso de Pós – Graduação em Bioética, uma tuna desempenha, para além de um papel integrador, um papel de “difusão cultural e de motivação” e permitem um maior crescimento a nível “nível pessoal, porque exige mais delas [pessoas], e a nível cultural também.”
E, serão as tunas meras representantes da sua comunidade académica ou terão uma importância cultural e social fora da sua universidade? Embora não sejam muitas vezes compreendidas como tal, as tunas são, de facto, um pólo dinamizador entre estudantes e sociedade civil, e um fenómeno cultural e social, com uma história secular. Actualmente são mais de cem as tunas portuguesas que representam através da música as suas universidades, as suas cidades e a história do país.
As tunas são um emblema da sua universidade, “motivam a presença de outras pessoas” e “chamam a atenção para a realidade da comunidade académica”. Quando uma tuna “se apresenta, apresenta o nome da sua Universidade”. O estandarte, por exemplo, deverá ter “para além do símbolo da tuna, o símbolo da sua Universidade”, realça Helena Aguiar, Presidente da “Tuna Académica Sons do Mar”. Além disso, é também um símbolo dos estudantes porque “são formadas pelos elementos da própria comunidade académica em que estão inseridas, logo são o reflexo desta”, acrescenta.
Alexandre Gaudêncio, estudante do curso de Mestrado em Ciências Empresariais e maestro da TAUA, refere que quando “uma tuna está a tocar fora do seu ambiente universitário é automaticamente conotada com a Universidade a que pertence”. Associando a representação à tradição do traje, o maestro acrescenta que “nós, na TAUA, temos como regra respeitar o traje, porque temos a noção que, em ambiente de tuna, não estamos só a representar aquele grupo de pessoas, mas sim a instituição e todo o conjunto de pessoas que a compõem”, e daí que “a responsabilidade é muito maior quando temos actuações fora do campus”.


Gerir o tempo, gerar costumes


Para uns mais difícil, para outros nem tanto. Conciliar estudos e tuna não parece ser tarefa fácil de todo. Há que saber gerir o tempo para que se obtenham resultados bons e equilibrados.
Ser membro de uma tuna requer um espírito académico e de convívio um pouco mais arrojado que o habitual. A predisposição caracterizadora dos elementos reflecte-se numa certa disponibilidade horária para os ensaios, actuações e deslocações.
Os ensaios dão-se uma vez por semana, excepto quando se aproxima uma ida a um festival, que implica um maior esforço e preparação da parte do grupo. Há que saber, portanto, gerir o tempo para que os cursos não se prolonguem para além do necessário.
Para Alexandre Gaudêncio é, de facto, “necessário dispensar[mos] algum tempo da semana para praticar em casa as músicas, ir aos ensaios e actuações”, contudo é possível conciliar as duas coisas. A filosofia da TAUA é, actualmente, “colocar o estudo em primeiro lugar”. Prova disso é o facto de poder dizer que “vários dos [nossos] elementos nunca perderam um ano do curso” e há, inclusive, vários finalistas, licenciados e até alunos de mestrados, acrescenta.
Também para Mónica Vieira, Magister da “Tuna Com Elas”, é possível conciliar as duas coisas, “fazer parte de uma tuna não é abdicar do tempo de dedicação ao curso nem é justificação para maus resultados, basta haver uma boa gestão de tempo e tudo se faz”, e é “uma forma de ocupar algum tempo livre […] e acima de tudo criar laços de amizade”. A Magister refere que fazer parte destes grupos “é uma mais valia pois […] tornamo-nos pessoas muito diferentes e aprendemos muito”.
A mesma opinião tem Helena Aguiar, Presidente da “Tuna Académica Sons do Mar”, embora não deixe de confessar que “ (…) em certas alturas se torna um pouco difícil conciliar as duas coisas, mas há que estabelecer prioridades”. E, para além do tempo, manda a vontade pois, “quando se quer e se tem mesmo vontade conseguem-se as duas coisas”.
Pertencer a uma tuna não implica abdicar do estudo. Há cerca de dez anos atrás, havia uma menor preocupação em concluir o curso, pois a inserção no mercado de trabalho estava praticamente assegurada – a tuna estava acima de tudo para muitos tunantes. Actualmente, estar na universidade implica terminar o curso o mais depressa possível para que o emprego seja mais fácil de conseguir. Hoje, estar na universidade é uma corrida contra o tempo e a dedicação à tuna passa para segundo plano.

Tuna: um grupo de boémios?


Durante muito tempo atribuiu-se aos elementos da tuna o rótulo de “boémios”, o que era, de certo modo, verdade, atendendo às raízes da tradição e ao significado etimológico de ‘tuna’ – etimologicamente, ‘tuna’ significa ‘grupos de vadiagem’, ‘boémia’, ‘ociosidade’. O próprio sentido comporta, desde sempre, e de certa forma, uma conotação negativa.
Embora haja uma melhor aceitação da importância cultural e social das tunas, existe sempre quem expresse o seu desapreço pelas mesmas. Para Pedro Fragoso, há sempre alguém que vê na tuna “ (…) um grupo de pessoas que nada tem para fazer a não ser fazer barulho e beber copos”. Mas, “felizmente a maioria da comunidade académica, mesmo não demonstrando, gosta em geral das folias e festas que as tunas fazem, e da animação que estas proporcionam”, acrescenta.
Hoje, ser tunante não é sinónimo de preferir a vida boémia à estudantil. É aproveitar o gosto pela música e pelas tradições académicas, e aliá-lo a um espírito jovem e à diversão.


UAç bem representada dentro e fora da região


Sendo uma tuna um símbolo que representa a universidade, estará a Universidade dos Açores bem representada através das suas tunas? A maioria das respostas será sim.
Seja pelo traje que envergam, pelos emblemas bordados nas capas ou pelo logótipo estampado nos estandartes que giram em cima dos palcos, a tunas açorianas tentam representar a instituição da melhor forma possível. Assim o dizem alguns dos responsáveis.
Para o maestro da TAUA, “ (…) as tunas têm representado bem a UAç” e “prova disso são os inúmeros prémios que todas as tunas têm conseguido”, assim como o grande “número de convites que todos os anos chegam à Associação Académica para que as tunas participem em festivais e actuações”. “Isso só prova que temos qualidade e que essa qualidade está a dar provas dadas fora da nossa universidade”, acrescenta.
A Presidente da “Tuna Académica Sons do Mar” defende que “cada tuna representa a Universidade da maneira que pode segundo as suas capacidades e oportunidades”. Quanto à sua tuna, “apesar das nossas limitações fazemos sempre os possíveis por representar a nossa Universidade em todos os eventos e em todas as ocasiões da melhor maneira possível.” Para Pedro Fragoso, “cada tuna tem opções diferentes em vários pontos, o seu estilo, forma de estar (…) o que torna de certa forma cada tuna diferente”. Quanto às tunas da Universidade dos Açores, “existem várias diferenças entre elas, mas o resultado (…) tem demonstrado que ao longo destes anos as tunas representam, e bem, não só a universidade dos açores, como os açores em geral”. E os festivais são a grande oportunidade para qualquer tuna dar uma boa imagem da sua universidade.

Os Festivais: a força do “F-R-A”

Com o crescente número de Tunas fundadas na região, começaram a surgir certames de carácter competitivo que permitiram o intercâmbio entre as tunas açorianas e outras tunas nacionais e internacionais.
Durante o evento, que acolhe um público notável, embora maioritariamente estudantil, sobem a palco todas as tunas convidadas e as tunas a concurso. Um júri, formado por personalidades ligadas à área da música, avalia todos os pormenores e, dentro dos parâmetros estipulados, atribui os prémios aos grupos a concurso: “Melhor Tuna”, segunda e terceira melhor tuna, “Melhor Instrumental”, “Melhor Solista”, “Melhor Pandeireta”, “Melhor Porta-estandarte” e “Tuna Mais Tuna”.

Estes certames fazem já parte do itinerário cultural dos Açores. Para além de permitirem um convívio entre a comunidade académica e a comunidade açoriana em geral, os festivais possibilitam os intercâmbios entre estudantes açorianos e estudantes de outras regiões do país e do mundo. As tunas levam o nome da região “além fronteiras” e trazem às ilhas gente jovem que busca divertimento, boa música e partilha de histórias, canções e costumes.

“Se ser estudante é ter ânsia em saber e espírito jovem” então, para os membros de uma tuna “ser tuno será exaltar em música e canto o ânimo de ser estudante e o vigor da juventude, virtudes a deverem ser permanentes e sem idade”, representando a universidade, os estudantes, a região, o país, a história e as tradições através da música e do convívio.

OVGA - “O respirar (d)as Ilhas”

Criado em 2002, o Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores nasce de uma vontade comum dos amantes da natureza das Ilhas açorianas. O projecto tem como principais objectivos a pesquisa e a divulgação da ciência, bem como “o exercício e a promoção de actividades no campo da Vulcanologia, da Sismologia, da Geotermia e do Ambiente”. Sem fins lucrativos, o espaço foi criado, sobretudo, por professores da Universidade dos Açores e neste momento conta com cerca de 400 sócios.

A funcionar no Concelho de Lagoa, na Ilha de São Miguel, o Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores desfruta dos mais variados meios técnicos e humanos para a execução das práticas relacionadas com a sismicidade e vulcanologia do Arquipélago dos Açores.

Num edifício criado à medida dos objectivos propostos, podem encontrar-se várias divisões que nos guiam numa viagem alucinante pelo interior das Ilhas: desde o bar decorado com um “tríptico” que recorda a história geológica dos Açores, passando pela sala onde estão expostos os aparelhos de captação das várias ocorrências a nível da gravidade, magnetismo, sismicidade e deformação da terra, a visita é abrilhantada pelo magnífico corredor de lava que conduz à sala onde se encontra a exposição “Minerais da Vida” e a secção de fósseis, bem como uma parede ilustrada por quadros de vários autores, que contam a história vulcanológica do Arquipélago.


O Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores é composto pela Assembleia Geral, presidida por António Serralheiro, Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Lisboa, pela Direcção, presidida por Vítor Hugo Forjaz, pelo Conselho Fiscal, presidido por Francisco Menezes Rocha, e pelo Conselho Cientifico, do qual fazem parte inúmeros professores das Universidades dos Açores, de Aveiro, de Lisboa, e da Suiça.

“O desenvolvimento de programas e de projectos científicos, técnicos e de divulgação”, “o apoio técnico e científico às entidades”, “a montagem de infra-estruturas tecnológicas e científicas adequadas à comunidade açoriana”, e “a promoção de iniciativas orientadas para o debate conclusivo sobre experiências e inovações”, são as principais atribuições do OVGA para consecução do seu objectivo (Artgº 2º dos Estatutos registados em 10.06.2002, Objectivos do OVGA).

Este observatório dispõe de uma pagina na Internet, http://www.ovga-azores.org, onde dispõe de variadas informações acerca do próprio observatório, bem como das varias ocorrências sísmicas e vulcânicas no Arquipélago dos Açores.

O OVGA não é apenas um espaço de exposição, é também um local de discussão de novas ideias, de mostras de experiências e de divulgação científica. Os amantes da geodiversidade açoriana podem, aqui, respirar as Ilhas.


Os valores da terra

Numa sala pintada a cores vivas e que relembram a geodiversidade açoriana, e ainda incompleta a nível de exposição de materiais, encontram-se os vários aparelhos responsáveis pela medição dos valores da terra.

O sismógrafo, o magnetómetro, o gravímetro, o extensometro e o maregrafo, estão expostos numa divisão de vidro, e são eles que, vinte e quatro horas por dia, marcam as batidas e o respirar das Ilhas.

Enquanto que o gravímetro mede a gravidade das Ilhas, o extensometro e o maregrafo servem exactamente para medir as deformações que a terra e o mar, respectivamente, sofrem ao longo dos tempos, ao compasso das ocorrências sísmicas.

O sismógrafo, que deriva das palavras gregas seismis (sismo ou terramoto) e grafo, grafia (registo, escrita), regista o sismograma – registo visual dos sismos que se capta através das ondas (P e S). Este aparelho serve para registar as vibrações do solo e, actualmente, com a evolução tecnológica a que foi sujeito, este aparelho é tão sensível que consegue captar os mais insignificantes tremores de terra.

Relativamente ao magnetómetro, é um aparelho capaz de distinguir entre alterações gerais e outras que são causadas pelos movimentos das placas terrestres.

Como referiu Vítor Hugo Forjaz, especialista em vulcanologia, e presidente da direcção do OVGA, a sala vai dispor, em breve, de sistemas de projecção e de uma zona de conferências, onde serão debatidos e mostrados os trabalhos efectuados por aquele observatório.

A riqueza dos Açores

Após a observação dos aparelhos, passa-se à sala onde estão expostos os vários minerais que confirmam a geodiversidade existente no Arquipélago.

Um magnífico corredor de lava – criado a partir de uma estrutura de metal gradeada que cobre um solo iluminado de vermelho, com paredes escuras e moldadas, que imitam na perfeição as de um vulcão –, conduz à secção das exposições.

Os “Minerais da Vida”

Pequenas mesas de pé, colocadas lado a lado ao longo das paredes, mostram os minerais que se podem encontrar nas Ilhas e os utensílios que a partir deles se formam para usar (ou embelezar) no quotidiano.

Aqui encontramos o quartz, um dos minerais mais vulgares e mais importantes para uso comum; a pirite, mais conhecida como ouro falso, e as micas. Também se podem observar os minerais utilizados em joalharia, como por exemplo a esmeralda, a granada e o ouro, bem como minerais com interesse comercial, como é o caso do flúor, do ferro, da malaquite, do gesso, tão correntemente usado por artistas, e do chumbo.

Para além de querer dar a conhecer o património minério que possui o Arquipélago, um dos objectivos do OVGA em expor estes minerais foi o de mostrar ao público o quão importante são no quotidiano, tanto a nível de bens necessários, como a nível económico e financeiro.


Milhares de anos de história

Ao fundo da sala, uma pequena plataforma oferece o desfrutar de milhares de anos de história geológica, e também biológica. Aqui pode observar-se o fóssil de um ninho de dinossauro encontrado na China, que é uma das peças mais valiosas do OVGA, bem como fósseis de antepassados de caracóis encontrados no meio das vegetações da Ilha de São Jorge, ou um dente de tubarão com 6 milhões de anos encontrado na costa da Ilha de Santa Maria. A exposição conta ainda com fósseis de várias espécies de peixes, e com a carapaça de uma craca com cerca de 5 mil anos

A visita a esta sala termina com o recair do olhar sobre os quadros que retratam um pouco da história geológica dos Açores: a erupção do Pico, em 1150, o grande terramoto em Vila Franca do Campo, em 1522, a erupção nas Furnas, em 1630, e uma ilustração de uma erupção na Lagoa do Fogo, são alguns dos temas que figuram de forma colorida e real nas molduras penduradas.


Ciências e Linguagens Científicas

O grego na origem do vocabulário científico

A língua grega está na base de muitos dos vocábulos utilizados nas linguagens científicas, como é o caso da vulcanologia, da geologia ou da sismologia. Grande parte das palavras que correntemente se usam para designar os mais variados acontecimentos tem uma ligação etimológica com o grego, e, em alguns casos, com o latim.

Por exemplo, a palavra geotermia é composta pelos termos gregos geos (terra), e thermos (quente). Sismologia deriva das palavras seismos (terramoto ou sismo) e de logia, logos (ramo do conhecimento), e geologia de geos (terra) e logia, logos (ramo do conhecimento).

Quanto à palavra sismómetro, deriva de seismos (sismo ou terramoto) e de motron, que significa medição. Sismograma tem o mesmo radical mas termina com outra palavra grega, grammon, que significa abalo ou linha.

Assim sendo, também outros termos associados a ocorrências sismológicas estão ligados ao grego, como é o caso de epicentro e hipocentro: centro deriva do grego kentres (centro ou local), o prefixo epi significa “por cima”, e hipo significa “debaixo”.

Já a palavra vulcão deriva do nome do deus romano do fogo, Vulcano, e Tsunami de uma expressão japonesa que significa “grande onda de porto”.


Linguagens científicas no quotidiano das gentes

A toponímia açoriana está em grande parte relacionada com termos vulcanológicos e geológicos. Nomes dados a freguesias, zonas balneares, zonas piscatórias, zonas de moradia junto à costa ou numa extensão plana, estão normalmente ligados à história das Ilhas: “Lajedo”, “Biscoitos”, “Lajes”, “Achada”, “Chã”, “Mistério”, entre outros.

No caso de “Fajã”, toponímia muito comum em qualquer Ilha dos Açores, designa um sítio que se encontra junto ao mar (“Fajã de Talude”), ou um sítio originado de outra forma, normalmente por erupção vulcânica (“Fajã Lávica”). Quando não é “Fajã”, dá-se o nome de “Achada”, porque é plana mas não está junto ao mar.


Curiosidades

O OVGA editou recentemente um catálogo onde apresenta toda a informação sismológica e vulcanologica dos Açores. No “Catálogo Sísmico da Região dos Açores”, podemos encontrar todos os dados referentes à actividade sísmica das Ilhas dos Açores: abalos, sismos, terramotos, erupções, ocorridos entre os finais do século XIX e finais do século XX.

Tipos de Erupção

Na vulcanologia, os vulcões tomam o nome da primeira designação. Existem vários tipos de erupção: “Havaiana”, que surgiu no Havai; “Estromboliana”, “Vulcaniana”, “Peliana”. Recentemente, surgiu um novo tipo de erupção: a “Serretiana”, uma nova designação que surge de uma erupção totalmente diferente de todas as outras existentes, registada junto à costa da freguesia da Serreta, na Ilha Terceira, Açores.


Visita de Estudo

No passado dia 19 de Abril (2005), a turma de Comunicação Social e Cultura da Universidade dos Açores efectuou uma visita de estudo ao Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores (OVGA).
Integrada na disciplina de Cultura e Linguagens Cientificas, e organizada pelo docente dessa mesma disciplina, Professor Doutor António Machado Pires, a ideia da visita surgiu após uma aula sobre essas mesmas linguagens científicas – que teve como orador convidado o vulcanólogo e director do OVGA, Doutor Victor Hugo Forjaz –, e teve como principal objectivo o contacto com as várias linguagens cientificas relacionadas com o estudo da terra – vulcanologia, geotermia, sismologia, meteorologia.
Os alunos tiveram oportunidade de conhecer ao pormenor todos os materiais expostos no Observatório e toda a história geológica e vulcanológica das Ilhas.