22.5.07

Atrás de um flash

Rocío Magañas

Chegou há quase três meses à Universidade dos Açores para fazer um estágio através do programa Leonardo da Vinci. Com lugar assente no Departamento de Línguas e Literaturas Modernas, Rocío Luque Magañas fica até final de Maio a desenvolver o seu trabalho em fotojornalismo. A transmissão de novos conhecimentos, o contacto com outras culturas e a necessidade de viver novas experiências fizeram-na voar para o Oceano Atlântico.

Aos 25 anos de idade, Rocío Magañas é doutoranda em Cinema e Fotografia na Universidade de Málaga. Com um estilo descontraído e simples, fala com paixão sobre a imagem. Nascida em Espanha, licenciada em Fotojornalismo e especialista em Cinema Documental, cedo percebeu um especial interesse pela fotografia e por todas as suas técnicas, “tinha um gosto especial por alguns fotógrafos, estava sempre a procurar informações sobre eles mas nunca tinha tido possibilidade de ter um professor de fotografia, especificamente, que me ensinasse todas as técnicas e práticas que existem na fotografia”. Foi no segundo ano da sua carreira em jornalismo que teve a feliz oportunidade de conhecer mais de perto esta arte, “tive oportunidade de ter um curso de fotografia artística e foi o meu primeiro contacto directo com a máquina fotográfica e com a revelação, o laboratório, branco e preto, tudo…”, acrescenta Rocío.

Da sua passagem pela ilha de São Miguel fala com bastante entusiasmo e garra. Veio através de uma bolsa de trabalho do programa europeu Leonardo da Vinci, que conseguiu com muito trabalho e dedicação, “tive que passar nuns exames para poder vir… vim através de uma bolsa vou ficar aqui durante três meses e meio, e muito contente”, refere a fotojornalista com um sorriso no rosto.

Veio em busca de novos conhecimentos e de novas experiências. Além disso, o gosto pelo contacto com culturas e tradições diferentes também contribuíram para a sua partida de Espanha. Quando chegou a Ponta Delgada pensava que lhe tinham reservado lugar para estagiar numa rádio, mas depois “disseram-me que era possível trabalhar na Universidade e para mim é muito bom, porque estou a fazer um doutoramento em Espanha, sobre cinema e fotografia, e encontrei o que estava realmente à procura, a experiência que procurava”. Segundo Rocío, a experiência combina na perfeição com as suas expectativas e objectivos, “a transmissão de conhecimentos e também a possibilidade de falar de temas que me interessam e sobre os quais me estou a especializar”.

Relativamente à fotografia, é adepta do analógico: prefere ser ela própria a determinar qual a luz, o contraste e a focagem, e a efectuar todo o processo de revelação. São as suas fotografias, desde o click ao papel. Segundo ela, as fotografias digitais não tem tanta beleza quanto as analógicas.

O seu especial interesse recai sobre o fotojornalismo, nomeadamente, o fotojornalismo de guerra. Durante os três meses de passagem pelo Departamento de Línguas e Literaturas Modernas da Universidade dos Açores, Rocío proferiu algumas palestras destinadas aos alunos de Comunicação Social e Cultura e ao publico em geral sobre análise de imagens fotográficas. “Fotografia de guerra”, “Cinema e Fotografia” ou "O olhar da personagem e a construção do espaço fílmico" foram alguns dos temas que escolheu para dar a conhecer fotógrafos famosos, os processos de interpretação, as técnicas de análise das imagens e a arte de fotografar.

Quanto aos trabalhos que se fazem nos Açores, Rocío diz não ter muito conhecimento, porque só teve possibilidade de ver uma exposição fotográfica sobre os Romeiros de São Miguel, que diz ter gostado muito, “porque eram todas muito documentais, de como faziam o caminho, os romeiros e tudo mais”. Ficou muito surpreendida pela beleza e qualidade das imagens, “porque reflectiam realmente o sentido que o caminho tem para eles e, quando uma fotografia expressa realmente o que queres dizer, podes captá-lo no momento em que vês a fotografia”, refere Rocío.

A sua máquina fotográfica também veio para os Açores e já disparou alguns flashes. Ao percorrer a ilha, a espanhola ficou encantada com algumas paisagens que lhe valeram “fotografias recordação”: “fui às furnas, às Setes cidades” e pensa que “são sítios tão espectaculares que quando chegas ficas um pouco de tempo a tranquilizar e dizes “bem, agora vou tirar umas pequenas fotos para as minhas recordações”, termina Rocío.

Joaquim fidalgo, jornalista de profissão

Crónica

Durante quase uma hora, Joaquim Fidalgo falou sobre o jornalismo como profissão ou hobby; o jornalista como profissional ou amador, e sobre as várias fases da imprensa e do próprio sinónimo de comunicar e de informar.

No passado dia 15 de Maio encontravam-se alguns interessados na plateia do Anfiteatro C da Universidade dos Açores, para além dos alunos dos cursos de Mestrado em Cultura e Comunicação e de Licenciatura em Comunicação Social e Cultura, para os quais era dirigida a conferência.
Com um discurso pouco formal, acessível e muito cuidado, e com uma gesticulação tão clara que prendia a atenção do menos atento, Joaquim Fidalgo falou nos prós e contras de uma profissão que já conheceu dias tão diferentes desde a sua aparição. À medida que falava, ia passando os diapositivos recheados de informação da apresentação que preparou especialmente para este encontro.

No final, o "jornalista profissional", como de resto se autodesigna, mostrou-se disponível para responder a algumas questões. Como o tempo já esgotava, porque chegava a hora do jantar e porque no departamento, alguns alunos do Mestrado em Comunicação e Cultura já aguardavam a sua presença, foram levantadas poucas perguntas.

Joaquim Fidalgo saiu do Anfiteatro C, acompanhado pelos docentes do Departamento de Línguas e Literaturas Modernas, e seguiu para a aula de mestrado sobre "Ética na Comunicação". Já no exterior ainda houve lugar para um cigarro e alguma conversa com alguns docentes e alunos de Comunicação Social e Cultura.