Criado em 2002, o Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores nasce de uma vontade comum dos amantes da natureza das Ilhas açorianas. O projecto tem como principais objectivos a pesquisa e a divulgação da ciência, bem como “o exercício e a promoção de actividades no campo da Vulcanologia, da Sismologia, da Geotermia e do Ambiente”. Sem fins lucrativos, o espaço foi criado, sobretudo, por professores da Universidade dos Açores e neste momento conta com cerca de 400 sócios.
A funcionar no Concelho de Lagoa, na Ilha de São Miguel, o Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores desfruta dos mais variados meios técnicos e humanos para a execução das práticas relacionadas com a sismicidade e vulcanologia do Arquipélago dos Açores.
Num edifício criado à medida dos objectivos propostos, podem encontrar-se várias divisões que nos guiam numa viagem alucinante pelo interior das Ilhas: desde o bar decorado com um “tríptico” que recorda a história geológica dos Açores, passando pela sala onde estão expostos os aparelhos de captação das várias ocorrências a nível da gravidade, magnetismo, sismicidade e deformação da terra, a visita é abrilhantada pelo magnífico corredor de lava que conduz à sala onde se encontra a exposição “Minerais da Vida” e a secção de fósseis, bem como uma parede ilustrada por quadros de vários autores, que contam a história vulcanológica do Arquipélago.
O Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores é composto pela Assembleia Geral, presidida por António Serralheiro, Professor Catedrático Jubilado da Universidade de Lisboa, pela Direcção, presidida por Vítor Hugo Forjaz, pelo Conselho Fiscal, presidido por Francisco Menezes Rocha, e pelo Conselho Cientifico, do qual fazem parte inúmeros professores das Universidades dos Açores, de Aveiro, de Lisboa, e da Suiça.
“O desenvolvimento de programas e de projectos científicos, técnicos e de divulgação”, “o apoio técnico e científico às entidades”, “a montagem de infra-estruturas tecnológicas e científicas adequadas à comunidade açoriana”, e “a promoção de iniciativas orientadas para o debate conclusivo sobre experiências e inovações”, são as principais atribuições do OVGA para consecução do seu objectivo (Artgº 2º dos Estatutos registados em 10.06.2002, Objectivos do OVGA).
O sismógrafo, o magnetómetro, o gravímetro, o extensometro e o maregrafo, estão expostos numa divisão de vidro, e são eles que, vinte e quatro horas por dia, marcam as batidas e o respirar das Ilhas.
Enquanto que o gravímetro mede a gravidade das Ilhas, o extensometro e o maregrafo servem exactamente para medir as deformações que a terra e o mar, respectivamente, sofrem ao longo dos tempos, ao compasso das ocorrências sísmicas.
O sismógrafo, que deriva das palavras gregas seismis (sismo ou terramoto) e grafo, grafia (registo, escrita), regista o sismograma – registo visual dos sismos que se capta através das ondas (P e S). Este aparelho serve para registar as vibrações do solo e, actualmente, com a evolução tecnológica a que foi sujeito, este aparelho é tão sensível que consegue captar os mais insignificantes tremores de terra.
Relativamente ao magnetómetro, é um aparelho capaz de distinguir entre alterações gerais e outras que são causadas pelos movimentos das placas terrestres.
Como referiu Vítor Hugo Forjaz, especialista em vulcanologia, e presidente da direcção do OVGA, a sala vai dispor, em breve, de sistemas de projecção e de uma zona de conferências, onde serão debatidos e mostrados os trabalhos efectuados por aquele observatório.
A riqueza dos Açores
Um magnífico corredor de lava – criado a partir de uma estrutura de metal gradeada que cobre um solo iluminado de vermelho, com paredes escuras e moldadas, que imitam na perfeição as de um vulcão –, conduz à secção das exposições.
Aqui encontramos o quartz, um dos minerais mais vulgares e mais importantes para uso comum; a pirite, mais conhecida como ouro falso, e as micas. Também se podem observar os minerais utilizados em joalharia, como por exemplo a esmeralda, a granada e o ouro, bem como minerais com interesse comercial, como é o caso do flúor, do ferro, da malaquite, do gesso, tão correntemente usado por artistas, e do chumbo.
Para além de querer dar a conhecer o património minério que possui o Arquipélago, um dos objectivos do OVGA em expor estes minerais foi o de mostrar ao público o quão importante são no quotidiano, tanto a nível de bens necessários, como a nível económico e financeiro.
Milhares de anos de história
O grego na origem do vocabulário científico
Por exemplo, a palavra geotermia é composta pelos termos gregos geos (terra), e thermos (quente). Sismologia deriva das palavras seismos (terramoto ou sismo) e de logia, logos (ramo do conhecimento), e geologia de geos (terra) e logia, logos (ramo do conhecimento).
Quanto à palavra sismómetro, deriva de seismos (sismo ou terramoto) e de motron, que significa medição. Sismograma tem o mesmo radical mas termina com outra palavra grega, grammon, que significa abalo ou linha.
Assim sendo, também outros termos associados a ocorrências sismológicas estão ligados ao grego, como é o caso de epicentro e hipocentro: centro deriva do grego kentres (centro ou local), o prefixo epi significa “por cima”, e hipo significa “debaixo”.
Já a palavra vulcão deriva do nome do deus romano do fogo, Vulcano, e Tsunami de uma expressão japonesa que significa “grande onda de porto”.
Linguagens científicas no quotidiano das gentes
No caso de “Fajã”, toponímia muito comum
Curiosidades
Tipos de Erupção
Visita de Estudo
No passado dia 19 de Abril (2005), a turma de Comunicação Social e Cultura da Universidade dos Açores efectuou uma visita de estudo ao Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores (OVGA).
Integrada na disciplina de Cultura e Linguagens Cientificas, e organizada pelo docente dessa mesma disciplina, Professor Doutor António Machado Pires, a ideia da visita surgiu após uma aula sobre essas mesmas linguagens científicas – que teve como orador convidado o vulcanólogo e director do OVGA, Doutor Victor Hugo Forjaz –, e teve como principal objectivo o contacto com as várias linguagens cientificas relacionadas com o estudo da terra – vulcanologia, geotermia, sismologia, meteorologia.
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